12 de jun. de 2016

Natura Homem Essence - Avaliação


Entre as empresas nacionais tenho uma afinidade maior com a Natura do que com as outras. Acredito que a marca se esforça mais em lançamentos e novidades que o Boticário e é uma das poucas que busca mesmo com todas as limitações do mercado nacional trazer alguma inovação e exploração da nossa biodiversidade. Ainda sim, vejo uma falta de direção clara no que a empresa oferece, como se jogasse na parede os mais diversos estilos de perfumes e visse o que funciona e o que não funciona. É sempre perigoso por isso esperar muito dos lançamentos da marca, algo porém que as vezes falha para mim, como aconteceu no recente lançamento masculino, Homem Essence.

Considerando que os flankers Madeiras e Especiarias foram bem interessantes, esperava algo mais arriscado em Homem Essence, que prometia um aroma ideal para a noite e ocasiões especiais. Porém, já achei estranho a abordagem da marca ao colocar um grande destaque numa nota sintética de base chamada Cashmeran, sem sequer se preocupar em dar uma explicação de sua contribuição ou importância na composição. Vejo na tentativa da marca de simplificar a pirâmide olfativa ao extremo um erro e um erro ainda maior destacar algo do qual seu público alvo não tem muito conhecimento. Isso para mim já ascendeu um possível sinal de que havia mais marketing do que conceito em Homem Essence - o que se concretizou na avaliação na pele.

Estamos diante de um perfume da linha que foi feito de forma calculada, sem riscos ou mudanças olfativas. Homem Essence escolhe um caminho olfativo que se sabe pela experiência de mercado que funciona muito bem: o fougére moderno com nuances orientais e amadeiradas. Essence me parece quase que copiar o aroma do Boss Bottled, seguindo uma mesma progressão cítrica fougere spicy com nuances frutadas.

Na abertura, o que se espera de um perfume nacional, aquele frescor comum de perfume masculino devido ao uso do dihidromircenol. Ele é combinado com um aroma cítrico entre o cheiro de bergamota e tangerina e já mostra um aroma frutal que remete a cheiro de maçã. Conforme passa o tempo, se destaca uma combinação de baunilha e amêndoas, porém nada muito doce ou exagerado, o que poderia afastar parte do público em potencial. Esse aroma doce se combina com toques especiados, também moderados, algo entre o cheiro de pimenta, cardamomo e canela. Por fim, a composição termina numa base almiscarada, com tons genéricos de madeiras e com a presença do então destacado cashmeran. Confesso que é um destaque idiota da marca, já que o uso da molécula nem é tão intenso para que seja evidente. O cheiro levemente floral, úmido e que remete a concreto do Cashmeran é discreto e você só o percebe se procurar mesmo por ele.

O que se deve elogiar, porém, é que Homem Essence cumpre o que promete na sua intensidade, mostrando-se com duração digna de um EDP. Convenhamos, é um EDP da Hugo Boss, nada que seja ultra-marcante ou sofisticado ao ponto de ser reservadamente noturno. É mais um edp versátil, coringa, algo para o dia-dia para quem busca um perfume mais acessível, com boa duração e um aroma agradável e coerente do começo ao fim. Não é o perfume mais interessante ou realmente noturno da marca, mas está longe das águas com cheiro de nada que de tempos e tempos a marca joga no mercado. Em tempos de crise, é um lançamento adequado e com preço bom por mais que tenha um conceito e execução que não se conversam.

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