A direção mais recente que a marca tenta explorar com o lançamento de 2018 é o que tem sido chamado de neo-amadeirado no marketing de lançamento do Bvlgari Man Wood Essence. Me parece que a tentativa da marca e do perfumista com esse conceito é chegar em um meio termo do mundo dos perfumes amadeirados, onde a personalidade da composição não depende nem exclusivamente de madeiras clássicas de aroma mais pesado e nem de uma impressão abstrata de madeiras minerais (iso e super costuma ser um material utilizado para dar essa impressão). É como se a proposta de Wood Essence fosse trazer a alma das madeiras da natureza ao aspecto polido, abstrato e moderno do mundo urbano. E nesse sentido o perfume acaba sendo bem condizente apesar de seu nome e frasco indicarem um aroma amadeirado mais pesado e verde.
O perfume abre com uma abertura cítrica que parece ter sido equilibrada com o resto da fórmula para que o frescor, adstringência e leveza dos cítricos viesse diretamente de uma árvore imaginária. É o que conduz Wood Essence inclusive, o perfume parece querer capturar essa ideia de alma amadeirada, incorporando nuances de diversas madeiras. Do cipreste o perfume trás um aspecto mais verde e úmido, do vetiver o lado mais seco que a raiz possuí e que lhe dá um aroma amadeirado. O cedro parece conferir o aspecto mais mineral e urbano ao perfume ao passo que o benjoim e o sândalo conferem uma nuance mais espiritual, levemente incensada e cremosa que fica de forma distante projetando na pele.
A proposta de criar um neo-amadeirado que equilibre natureza e cidade é bem sucedida e em uma era de perfumes onde o aroma amadeirado costuma ser bem agressivo Man Wood Essence surpreende pelo seu aspecto mais equilibrado e sutil, um perfume fácil de ser usado.
