Sendo uma casa de fragrâncias centenária muitos dos perfumes da Caron tornaram-se algo difícil de ser vendido para quem não tem costume com a complexidade e as harmonias da perfumaria clássica. Parece-me que nessa sua nova etapa de vida a marca tem se preocupado em trazer beleza, riqueza e elegância mas de uma maneira que não afaste o novo consumidor, aquele que não conhece seu legado.
Lady Caron é para mim um exemplo simbólico disso, uma das fragrâncias clássicas da marca que carregava um perfil floral branco gordo, indólico e de uma certa brutalidade floral branca difícil de ser usada. Jean Jacques trouxe uma nova vida à fragrância, mantendo a exuberância floral que é essência de Lady Caron mas com uma nova sofisticação, deixando que a magnólia e o pêssego tenham um maior protagonismo.
Ainda é possível perceber a exuberância floral branca, porém o jasmim indiano mostra-se mais comportado e o neroli aparece mais com uma faceta floral cítrica agradável. A nova versão de Lady Caron equilibra a exuberância e opulência das flores brancas com uma faceta mais cítrica, e primaveril, trazendo de uma maneira mais clara o aroma da magnólia. Na evolução a pele é envolvida em um toque sedoso de pêssego, com uma leve sugestão atalcada que parece me remeter a iris ou violeta e ajuda a remeter a uma ideia clássica. A baunilha e musks completam na pele uma aura levemente adocicada, macia e que envolve o frescor e exuberância das flores. A nova Lady Caron consegue ser clássica mas com uma sutileza e brilho que lhe torna bem contemporânea.
