5 de abr. de 2023

Memória Olfativa - Natura Horus e Ronaldo Eber


Em Julho desse ano completaram 16 anos do evento divisor de águas da minha vida, o que me levou de um dia para a noite para a vida adulta. Foi quando meu pai faleceu em um acidente de carro e de repente nada mais foi o mesmo. Eu venho refletindo sobre esse evento a muito tempo, pensando inclusive em transformar minha memória olfativa de um dia sem cheiro mas marcado de tantos aromas. Mas resolvi em vez de celebrar a morte celebrar a vida e fazer dessa memória olfativa uma homenagem ao meu pai.

Ronaldo Eber de Oliveira Brito foi um homem muito inteligente e estudioso. Formou-se como químico, atuou durante muitos anos como analista de qualidade de água e depois de alguns anos sentiu o chamado de Deus e foi ser pastor presbiteriano. Mas diferente de muitos dos quais atuam ele realmente tinha a vocação: estudava por horas, debruçava-se sobre livros raros, buscava o conhecimento. Aprendeu até sozinho a ler em hebraico.

Mas ainda que fosse um homem muito estudioso meu pai era simples, zeloso com as pessoas de sua Igreja, sem fazer nenhuma discriminação entre ricos e pobres. Meu pai era um gestor eficiente também, focado em fazer o melhor na obra de Deus e se necessário colocava até parte de seus ganhos como químico para ver a Igreja funcionar. Ele fazia tudo que fazia por amor, vocação e princípios, os quais sempre foram muito fortes.

É claro que meu pai tem seus defeitos, eu quando criança e adolescente não os via e não o entendia. Nunca fomos muito próximos, mas somos muito parecidos em algumas coisas. Principalmente no fato de nos fecharmos quando sentimos emoções muito fortes. Mas ainda que nosso relacionamento não tenha sido perfeito eu amo e sou muito grato pelo pai que eu tive. Foi um homem verdadeiramente de fé e de Deus, não de uma fé política e superficial, e sim uma realmente comprometida com o estudo e a verdade.

Infelizmente meu pai faleceu quando estáva ainda no começo da minha jornada olfativa, o que não me permitiu ajudá-lo a conhecer mais sobre a perfumaria. Mas ele gopstava de perfumes, usava os que ganhava. Deles me lembro de quando ele teve o Natura Horus, do qual as vezes eu roubava antes de ir para o culto rs Me lembro do Horus como um aroma fougere com nuances de couro e especiarias, algo robusto como a autoridade de um pai mas ainda sim sem ser pesado, como o abraço de um. Te amo pai, muito obrigado pelo exemplo que você foi, pelos esforços que você fez pela gente e por ter me aberto portas de estudo que me permitiram ser quem eu sou hoje.