O olfato é um sentido que
para mim funciona de maneiras misteriosas e transformadoras. As vezes um
perfume, um cheiro ou um aroma tem a capacidade de mudar nossa percepção em
relação a uma situação, ambiente ou pessoas. Porém muitas vezes o que acontece é
justamente o contrário, uma pessoa muda para sempre nossa percepção olfativa ao
criar uma lembrança especial que conecte fragrância e pessoa.
Poucos perfumes me causaram uma sensação de grande
desconforto como Le Labo Oud 27 me causou. Há muitos anos quando o senti seu
cheiro animálico e potente não me agradou nem um pouco e para meu infortúnio
seu desempenho era, obviamente, estelar. Usei meu decant para fazer uma
avaliação dele e depois nunca mais o usei.
Porém, alguns anos depois por meio de uma conversa
no facebook do Daniel Barros acabei conhecendo o Rodrigo Bulgarelli e foi
justamente por meio de uma conversa sobre Le Labo. O entusiasmo que o Rodrigo
sentia pelo perfume ficou impregnado na minha memória e por mais que eu
discordasse dele a respeito disso o perfume que eu odiava eu deixei de odiar no
momento que o associei com uma pessoa que com o tempo eu passaria a amar.
Minha amizade com o Rodrigo foi plantada aquele
dia, porém como um perfume onde a riqueza está nas notas de fundo ela demorou
um tempo para que de fato tivesse, digamos, um intenso rastro doce e agradável
que se espalha pelo ambiente. O Rodrigo para mim é uma pessoa única: ao mesmo
tempo que irradia alegria, calor, amor e positividade também é uma pessoa que
me faz pensar, que sempre tem um ponto de vista diferente, que sempre está
trazendo algo único. Nunca veremos o mundo da mesma maneira, mas isso é algo
que apenas tornou nosso laço mais único com o passar dos tempos. Por ser uma
pessoa tão eclética e distinta é difícil associar um cheiro com o meu amigo
Rodrigo mas a memória do Oud 27 sempre me fará pensar numa amizade e amor que
surgiu da onde eu menos esperava.
