Hoje completo 34 anos de vida e para celebrar esse momento escolhi uma memória olfativa que me é preciosa e que diz muito de mim. Dior Homme não foi meu primeiro perfume importado nem o perfume que me colocou definitivamente na perfumaria com a paixão e dedicação que tenho hoje. Ainda sim é uma das minhas fragrâncias prediletas pelo que ele é capaz de simbolizar para mim, principalmente na minha transição para a vida adulta.
A primeira formulação foi criada em 2005, época que eu tinha 18 anos e estava nos meus primeiros passos na minha jornada de paixão e entendimento do mundo dos perfumes. Na época eu era fascinado pelas marcas e um lançamento da Dior certamente me chamou a atenção. Havia algo naquele frasco simples, elegante e robusto que muito me atraia mesmo sem eu sentir seu cheiro.
Pela generosidade de uma querida amiga (Sanah), ganhei uma amostra e posteriormente um travel de 5ml de um perfume que se tornaria amor a primeira cheirada. Principalmente pois eu consegui me ver em Dior Homme como eu dificilmente me via em muitos dos perfumes masculinos.
Desde criança eu tive conflitos com a aceitação da minha imagem. Eu fui uma criança gordinha, estudiosa e até certo ponto tímida. Conforme fui crescendo eu tinha uma sensação de estranheza, como se faltasse algo em mim como homem, principalmente em comparação com outros homens. E isso inconscientemente se refletia e se reflete nos meus gostos na perfumaria: fougeres sempre trouxeram para mim uma brutalidade ou uma aspereza com a qual nunca me identifiquei. Aquáticos me pareciam superficiais e eu não me identificava com isso. Orientais, especiados e amadeirados eram na época os estilos aos quais meu eu introvertido gravitava naturalmente.
Mas em Dior Homme eu encontrei algo que até aquele momento não tinha encontrado ainda na perfumaria: um aroma que traduzisse uma masculinidade menos esteriotipada e mais dualista. Seu aroma consegue ter uma certeza delicadeza com a iris ao mesmo tempo que traz uma base amadeirada robusta, típicamente masculina.
Há um frescor devido a lavanda, mas essa é tratada com nobreza, sem esteriótipos de frescor, uma lavanda profunda e complexa. O aroma de Dior Homme consegue ser masculino e feminino ao mesmo tempo, melancólico e serene, simples e complexo. Um perfume que transista entre as dualidades e rompe com os extremos delas. E finalmente um perfume onde eu me enxergava.
